O órgão do governo federal encarregado de defender o patrimônio público encontrou muitos exemplos de desperdício de dinheiro no Ministério da Saúde em 2020.
Um dos pontos que chamaram a atenção dos técnicos da Controladoria Geral da União foi a quantidade grande de remédios e vacinas incinerados ou extraviados. Foram R$ 21 milhões desperdiçados com a destruição, por exemplo, de mais de 25 toneladas de vacina pentavalente. E quase 4 toneladas de vacina tríplice.
No total, em dez meses, foram jogadas no lixo quase 30 toneladas de medicamentos.
Os técnicos também registraram que milhões de doses de vacinas perderam o prazo de validade antes de serem usadas, principalmente contra febre amarela e hepatite, além de medicamentos de alto custo. Ao todo foram perdidos 750 lotes de medicamentos. Na lista, remédios vencidos desde julho de 2009. Um prejuízo de R$ 172 milhões.
Os técnicos também verificaram que 66 doses de um medicamento de alto custo - mais de R$ 12 mil a dose - tinham simplesmente sumido. Saíram do estoque sem destino conhecido. E lá se foram mais R$ 840 mil.
Também sumiram equipamentos decisivos na luta contra a Covid, como respiradores. Os técnicos estranharam que o sistema não tinha os comprovantes de entrega de quase cinco mil respiradores. O que obrigou a CGU a rastrear os equipamentos em estados e municípios. No fim, ninguém soube dizer onde foram parar 336 respiradores, que custaram mais de R$ 18 milhões.
No documento a CGU afirmou que os controles das doações efetuadas pelo Ministério da Saúde são inadequados. E conclui que existem graves inconsistências entre os registros de entrega do Ministério da Saúde e os registros de recebimento dos entes federativos.
No relatório, a CGU ainda lembra que, ao longo de 2020, acompanhou parte dos processos de compras do Ministério da Saúde e que já tinha feito alertas para evitar prejuízos. Mas que os avisos não foram levados em conta.
A auditoria vai servir de base que o Tribunal de Contas da União julgue os gastos do ministério em 2020.
O professor em gestão de saúde André Massuda lembra que os recursos públicos que foram desperdiçados poderiam ter ajudado a salvar vidas durante a pandemia.
?O Ministério da Saúde, que tem um papel fundamental na coordenação dessa que é a maior crise sanitária da nossa época, tratou insumos essenciais com descaso, com despreparo. Então, é com muita tristeza que a gente vê que o nosso país viveu essa situação e com desperdício de recursos tão importantes?, afirma André Massuda.
O Ministério da Saúde afirmou que está ciente do processo e que vai se manifestar dentro do prazo estabelecido.