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Medo de ser linchado como antecessor explica fuga de presidente afegão

Ashraf Ghani pode ter evitado a sina do ex-presidente Mohammad Najibullah, torturado e executado no primeiro governo talibã, mas sai desacreditado por abandonar o país.

Publicada em 20/08/2021 às 08:03h | Blog da Sandra Cohen  | 95 visualizações

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Medo de ser linchado como antecessor explica fuga de presidente afegão
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, durante discurso na conferência de 2021 da Ásia Central e Sul em Tashkent, no Uzbequistão, em 16 de julho ? Foto: AP  (Foto: AP)


Troféu principal nas guerras do Afeganistão, a capital Cabul finalmente se rendeu neste domingo ao domínio Talibã, na última etapa de uma ofensiva de apenas 10 dias para que o grupo radical retomasse o controle do país. O presidente Ashraf Ghani não esperou a entrada dos militantes e desconfiou da oferta de uma transferência de poder pacífica. Fugiu do país e só reapareceu três dias depois, nos Emirados Árabes Unidos, onde se exilou.

No comando do país desde 2014, Ghani justificou a saída precipitada e muito criticada pelos compatriotas: quis evitar o derramamento de sangue. Mas quem se lembra da primeira tomada de Cabul pelo Talibã, em 1996, entendeu que ele também fugiu do destino que teve outro antecessor -- o de ser linchado.

Há 25 anos, enquanto Cabul caía, o ex-presidente Mohammad Najibullah foi retirado à força do complexo da ONU por extremistas do grupo, torturado, castrado e arrastado por um jipe até a morte. Seu corpo e o do irmão ficaram pendurados num poste, expostos à população, numa dura mensagem do que viria pela frente.

Conhecido como Dr. Nagib, o médico Najibullah chefiou o serviço secreto afegão e caiu nas graças dos soviéticos e foi alçado à presidência em 1987. Permaneceu no poder até 1992, abandonado por seus protegidos, depois que o império soviético ruiu. Tentou negociar uma saída para a Índia, mas fracassou. Refugiou-se, então, por quatro anos na sede da ONU na capital afegã de onde foi retirado à força para a morte.

 

A brutal execução de Najibullah, o último presidente comunista do Afeganistão, pode ter servido de lição para Ghani abandonar o país. Relatos divulgados por uma agência de notícias russa dão conta de que teria fugido com um helicóptero e quatro carros cheios de dinheiro e foram categoricamente desmentidos por ele.

O presidente estava enfraquecido politicamente e seu governo, assolado por denúncias de corrupção. No ano passado foi excluído das negociações com o Talibã, promovidas pelo governo Trump.

Quando Biden marcou para 31 de agosto a retirada das tropas americanas, Ghani resistiu aos apelos para renunciar, assegurando que permaneceria no país. “Não vou fugir! Não procurarei porto seguro. Estarei a serviço da população”, garantiu em 4 de agosto, 11 dias antes de o Talibã adentrar a capital.

Sem munição e alimentos, militares afegãos não resistiram ao avanço do grupo extremista. Parte deles se rendeu, a outra mudou para o lado talibã. E Ghani debandou, acelerando a queda do governo, sob críticas de compatriotas e de membros de seu Gabinete.

Assim como garantiu que não deixaria o país, ele agora assegura que retornará ao Afeganistão ainda como presidente. Mas lhe falta credibilidade.




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