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Política

'Estamos mais integrados ao Mato Grande que à RMN', afirma Júlio César, prefeito de Ceará-Mirim

Publicada em 05/03/2023 às 02:26h - 126 visualizações

Tribuna do Norte


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'Estamos mais integrados ao Mato Grande que à RMN', afirma Júlio César, prefeito de Ceará-Mirim
 (Foto: Reprodução)

O prefeito de Ceará-Mirim, Júlio César (PSD), está a dois anos de deixar o comando do município e afirma que ainda há vários projetos que pretende implementar em todas as áreas. Por ser uma cidade-polo, o gestor relata dificuldades para o atendimento também aos municípios do Mato Grande e cobra mais participação do Governo e das demais cidades na implementação de serviços, principalmente na saúde.

Em entrevista ao Sistema Tribuna, o prefeito disse que pretende ser candidato a deputado estadual em 2026, que vai permanecer no PSD e que espera para Ceará-Mirim a retribuição da governadora Fátima Bezerra pelos votos que recebeu em 2022. Confira a entrevista:

 

Qual avaliação que o senhor faz da situação do município e 

projeções para os dois anos restantes do mandato?

Nós pegamos o município numa situação precária. Ceará-Mirim não tinha absolutamente nada, estava sofrendo em todas as áreas. A gente iniciou um processo de restruturação, tanto que na última pesquisa realizada em setembro de 2022, tivemos mais de 80% de aprovação, depois que tivemos de refazer praticamente tudo. Na educação, por exemplo, das 53 escolas que o município possui, não tinha nenhuma pronta para funcionar e tivemos que recuperar as escolas, onde algumas delas, praticamente, fizemos uma nova escola. Nessa altura do campeonato estamos com 46 ou 47 reformadas, restando apenas sete ou oito escolas para finalizar reformas.

 

Como cidade-polo, Ceará-Mirim tem suportado a demanda na área de Saúde?

Na área de obstetrícia, Ceará-Mirim realiza cirurgias atendendo 25 municípios da região do Mato Grande e do Vale do Ceará-Mirim, de Macau, Touros, João Câmara a Galinhos. As mulheres vêm ter seus filhos em Ceará-Mirim usando a estrutura do nosso hospital. Existe um convênio, mas o valor é insuficiente para bancar isso, sem falar no parto de urgência, porque pacientes de todos os municípios vizinhos vêm buscar atendimento no nosso hospital municipal, que não recebe recursos para média e alta complexidade, recebemos recursos apenas para baixa complexidade, isso faz com que a gente tenha que se desdobrar com uma série de ações que o município tem de realizar para atender não só o povo de Ceará-Mirim, mas a população de toda região, porque hospital de urgência não pode se recusar de receber ninguém. Chega gente de Pureza, Maxaranguape, Rio do Fogo, Ielmo Marinho, Taipu, todas as horas chega gente e temos feito esse atendimento.

 

Esse convênio está sendo discutido para ser revisto?

Existe um convênio na parte de obstetrícia e uma parceria na parte de urgência. Só para ter uma ideia, nós pagamos R$ 1,5 mil por um plantão de 12 horas a um médico do Hospital Percílio Alves de Oliveira e tem município que não chega a pagar R$ 4 mil por mês. Ou seja, um dia praticamente de plantão de um médico vai embora todo o repasse que um município faz para gente. Temos uma equipe de 56 médicos.

 

Já se chegou a discutir possibilidade de transformar hospital municipal em regional?

O Estado hoje na verdade já está delegando ao município uma responsabilidade, que ao nosso ver é do próprio Estado. Essa parte de urgência e emergência quem tinha de atender a população da região era o Estado. A parte de obstetrícia foi delegada através de convênio com o município, fazendo a descentralização e isso desafoga os hospitais Santa Catarina, os hospitais de Natal. Até que o município tem dado conta. Nossa dificuldade maior é na manutenção do hospital como um todo é devido ao alto fluxo de pessoas, porque a pessoa que vem ter o filho aqui, de Taipu, e gostou do atendimento, quando adoece vem pra cá também. 

 

Na área da Educação, há convênio para o transporte dos alunos?

Na educação nós temos 93 comunidades rurais, somos um município com área territorial cinco vezes maior do que Natal. Temos 70 linhas de ônibus para atender os alunos da rede municipal, do estado também e, além disso, a gente faz o transporte dos alunos que estudam em universidades e IFRN. O município tem obrigação de transportar os alunos das escolas municipais, o estado os alunos do estado, o IFRN é um órgão da União, as universidades federais pertencem à União, mas existe uma tradição e um costume que o município faz esse tipo de transporte, mas isso numa época em que havia de 30 a 40 alunos no IFRN, mas hoje são 300, 400 alunos, e a Prefeitura tem que fazer e muitas vezes, para atender as demandas da zona rural, principalmente, volta com cinco ou quatro alunos num ônibus, o que é inviável do ponto de vista financeiro para a administração pública e até para o interesse da coletividade. 

 

Como estão as discussões sobre questões relacionadas à Região Metropolitana?

Ceará-Mirim é uma porta de saída da Região Metropolitana de Natal (RMN) e a porta de entrada da região do Mato Grande. Então, a gente na estrutura que envolve outros municípios. A gente está muito mais integrado à região do Mato Grande, como principal município da região do que à própria RMN. Mas existem conversas com os prefeitos de Macaíba (Emídio Júnior), Parnamirim (Rosano Taveira), São Gonçalo do Amarante (Eraldo Paiva), para gente discutir pautas de interesses dos municípios, como atração de empresas, geração de emprego e renda, buscar demandas como a duplicação da BR-406.

 

Qual a avaliação que o senhor faz do Carnaval na cidade e nas praias de Ceará-Mirim?

Quando a gente assumiu a Prefeitura, ninguém mais visitava as praias de Ceará-Mirim. Era um estado de abandono por causa da insegurança e uma série de fatores, que faziam com que os turistas se afastassem. Assim que a gente assumiu, criou um posto da Guarda Municipal em Muriú, armamos os guardas, as viaturas são equipadas, só na região de praias, passamos o veraneio inteiro com duas viaturas e oito homens trabalhando. Não tivemos quase nenhuma ocorrência no verão. O Carnaval foi o ápice, Ceará-Mirim realizou um grande Carnaval, principalmente no litoral, nas praias de Jacumã e Muriú, o Carnaval das famílias, impressionante a quantidade de pessoas, idosos, com seus netos, com seus pais e seus filhos.

 

O senhor falou de uma situação pontual feita no Carnaval, mas como está a segurança pós-festas nas praias?

A Guarda Municipal não dá suporte somente na época do verão. Ela dá suporte 365 dias por ano. O verão de Jacumã, Muriú e Porto Mirim foi um dos maiores dos últimos tempos. Famílias frequentaram as praias e se chegar agora, mesmo fora do Carnaval, tem muitas famílias lá nas praias, porque a gente tem um aparato de segurança feito por nossa Guarda Municipal, também com auxílio da Polícia Militar.  A gente tem um projeto chamado Muriú Verão o Ano Inteiro, pela proximidade das nossas praias com as praias de Natal, a gente criou a condição de segurança e infraestrutura, quem chegar em Muriu hoje vê outra realidade, assim como Jacumã.

 

Municípios como Mossoró têm reclamado de atraso em repasses obrigatórios. Como estão as finanças de Ceará-Mirim e como está a relação com o Governo? 

O PT não me apoiou na eleição de prefeito. Eu dei apoio à governadora Fátima Bezerra no primeiro e no segundo turnos e a gente espera que cheguem ações concretas no nosso município. A governadora teve mais de 70% dos votos de Ceará-Mirim. Espero que isso seja retribuído ao nosso povo. 

 

Como o senhor avalia essa questão dos pisos salariais dos professores e dos enfermeiros, o município vem pagando?

Essa questão dos pisos é justa demais para os servidores, mas o Governo Federal tem de discutir de outra maneira. Nós temos que cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que não permite que nenhum município gaste acima de 51% das receitas líquidas com a folha de pessoal. A gente estava abaixo, mas quando a gente começou a implantar o reajuste de 33% dos professores, que a gente conseguiu implantar 27% até o ano passado, o percentual gasto com pessoal subiu para 65%. O piso dos agentes de saúde nos parece que é o modelo perfeito: o Governo Federal repassa o dinheiro, mas o salário dos agentes de saúde não é contabilizado para efeito de cálculo do limite prudencial. 

 

Várias regiões do Estado possuem deputados, mas Ceará-Mirim não. Por que? 

Porque está esperando que chegue 2026 para eleger Júlio... (risos). Brincadeira à parte, é muito importante que todas as regiões tenham deputados defendendo os interesses de cada região. Ceará-Mirim não tem um deputado nativo, mas tem o deputado estadual José Dias (PSDB), que tem nos ajudado bastante, os deputados federais Robinson Faria e o deputado General Girão (PL) também, o senador Rogério Marinho (PL), que é um parlamentar municipalista,  também tenho tido contado com os deputados Paulinho Freire e Benes Leocádio (União) e outros deputados que com certeza irão ajudar Ceará-Mirim. 

 

O senhor continua no PSD?

Vou continuar no PSD.

 

Quem vai ser o seu candidato à sucessão em 2026?

Acho que não é o momento ainda de conversar nesses dias essa questão política, mas a gente espera que até o meio deste ano estar com esse nome anunciado do pré-candidato a prefeito. Pensar o melhor para Ceará-Mirim.

 




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